Breves considerações sobre o diagnóstico de TDAH em adultos
- Debora Fernandes
- 4 de abr.
- 2 min de leitura
Hoje em dia, muitos adultos estão recebendo diagnóstico de TDAH e, muitos deles, não tiveram dificuldades importantes na escola. Após décadas de pesquisa, atualmente, temos muito mais conhecimento sobre o transtorno e nossa compreensão mudou radicalmente de uma ideia simplista de dificuldade que ocorre especificamente no contexto escolar para um transtorno invasivo, que pode prejudicar diversas áreas da vida da pessoa.
Compreender que o TDAH não é um transtorno da infância e sim do neurodesenvolvimento e que os sintomas ainda podem estar presentes na vida adulta facilita muito a identificação em adultos. Um dos pontos importantes para a avaliação na vida adulta é a percepção das mudanças dos sintomas, não apenas no sentido da remissão de alguns deles, mas da interiorização de algumas características.
Além disso, hoje podemos identificar com mais clareza alguns atributos na vida adulta que antes não eram atribuídos ao TDAH ou que se confundem com outros transtornos. Em muitos casos, o TDAH não era considerado como uma hipótese diagnóstica e alguns sintomas passavam despercebidos ou eram “explicados” por outras condições médicas.
O problema nesses casos, é que ao não se considerar, avaliar, diagnosticar e tratar especificamente o TDAH será mais difícil para a pessoa conseguir avançar em dificuldades de sua vida advindas direta ou indiretamente do transtorno. Por exemplo, é muito comum que adultos tenham algumas dificuldades emocionais ou mesmo de autoestima devido ao TDAH não diagnosticado e essas questões não serão tratadas adequadamente sem a correta identificação do transtorno.
Assim, pensamentos, crenças e falas relacionadas à incompetência, “preguiça”, menos valia, entre outras, serão mais resistentes ao tratamento, uma vez que o foco do tratamento não terá a precisão necessária. Comportamentos que trazem prejuízo para a vida da pessoa também precisam ser abordados no contexto do transtorno para que haja eficácia do tratamento. Igualmente, os aspectos emocionais passam a ser analisados e compreendidos considerando a história de vida de uma pessoa que não recebeu o diagnóstico na idade “esperada” e passou anos vivenciando determinados prejuízos sem ter consciência da causa desses prejuízos e, muitas vezes, sem desenvolver as estratégias necessárias para minimizá-los.
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